domingo, 2 de maio de 2010

Semana: morre Fragelli, Puccinelli briga em evento e deputados tentam trabalhar menos

Midiamax
Valdelice Bonifácio

“Eu te recebo para conversar sobre o que você quiser, mas sobre política não. Pelo amor de Deus, não”, foi assim que o ex-governador de Mato Grosso, José Fragelli, reagiu ao pedido de um jornalista para conceder entrevista sobre política. O ano era 1997, portanto antes do escândalo dos Correios, mensalão e sanguessugas e mesmo assim, uma das mais expressivas lideranças políticas do Estado já tomara repulsa.

Corumbaense, Fragelli que foi deputado estadual, federal, senador e por uma ocasião assumiu interinamente a presidência da República preferiu viver na tranqüilidade do município de Aquidauana. Na sexta-feira, aos 95 anos, ele faleceu, provavelmente por causas naturais, em sua residência. O velório e sepultamento contaram com a presença de autoridades, entre elas o governador André Puccinelli (PMDB) que protelou, por algumas horas, viagem a Caracol onde participaria dos festejos pelo aniversário do município.

Contudo, André seguiu para Caracol, onde teve uma passagem marcante. No Clube do Laço, bateu-boca com o prefeito de Bela Vista, Chico Maia (PT). Os dois já tinham trocado farpas pela imprensa no início da semana e quando ficaram cara a cara o confronto foi inevitável.

Na segunda-feira, dia 26, Maia esteve na Capital para participar de evento de assinatura de convênio para pavimentação. Ocorre que Maia só descobriu na hora que não assinaria o convênio naquele momento, ficaria para outra etapa. O prefeito deixou o Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo irritado reclamando de discriminação de André.

“Eu não consigo entender. Estava na mesa no clube quando entrou o governador. Ele veio até nós e todos se levantaram para cumprimentá-lo. Após nos cumprimentarmos ele [Puccinelli] disse: ‘para de falar bobagem seu mentiroso’. “Eu disse que mentiroso era ele. Ai ele [Puccinelli] começou a esbravejar”.

Mas, a semana do governador não foi só de agruras, ele também se deu de presente mais um assessor especial, aqueles do símbolo ‘DGA-1’, pelo módico salário de R$ 8 mil. Seu nome é José Arnaldo Ferreira de Melo (PTB), empresário, e ex-prefeito de Inocência.

Em outra canetada, André nomeou o procurador de justiça, Paulo Alberto de Oliveira, para chefe do MPE (Ministério Público Estadual) até o ano de 2012. Ele era o segundo nome de lista tríplice encaminhada ao governador.

Quem também esbravejou na semana foi o prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMDB). Ele por pouco não arrumou uma encrenca com a Câmara de Vereadores. Indignado com o fato de a Casa ter se recusado a votar projeto que abre caminho para investimento de R$ 200 milhões no setor habitacional na cidade, Nelsinho acusou os parlamentares de estarem fazendo uma “barganha suja” para aumentar o repasse de dinheiro ao Legislativo.

Horas, depois esteve em reunido com os vereadores na Câmara. Em público não admitiu, mas a portas fechadas teria pedido desculpas aos vereadores que aceitaram votar o projeto, porém só na segunda-feira, dia 3.

O prefeito também respondeu a uma declaração de André Puccinelli que sugeriu que ele não deveria ficar isolado do partido na disputa presidencial. “Cateto fora do bando é comida de onça”, disse. “Não sou bicho”, devolveu Nelsinho demonstrando querer apoiar com Dilma Rousseff, do PT. “Vou seguir o partido (...) O Michel Temer vai com quem?”, indagou referindo-se ao provável vice da petista.

Na Assembleia Legislativa, os deputados tramam ocupar tempo destinado ao trabalho com festividades. Eles querem alterar o Regimento Interno da Casa de Leis e permitir que sessões ordinárias nas quais se votam propostas passam ser transformadas em sessões solenes ou especiais. Oficialmente, o projeto está em fase inicial de tramitação, mas nos bastidores a ideia já estava circulando.

As sessões continuam sendo abertas com pouquíssimos deputados. A maioria chega no meio dos trabalhos assina a lista de frequencia e, pouco depois, deixa o plenário. Na última sessão da semana, o primeiro-secretário da Casa, deputado Ary Rigo (PSDB) reagiu ao fato de a reportagem do Midiamax tê-lo citado entre os ausentes.

O parlamentar mandou informar que trabalhava em seu gabinete. Entretanto, a matéria dizia respeito às atividades em plenário e nenhuma inverdade relatou.

Já o presidente da Assembleia Legislativa, Jerson Domingos (PMDB) revelou, em entrevista coletiva, que os chamados “servidores terceirizados” dominam praticamente todos os setores da Casa de Leis. Curiosamente, ele não sabe a quantidade e nem o valor gasto com tal despesa. Mas, no próximo dia 27, acaba prazo para a Casa começar a divulgar tudo o que gasta em seu site oficial. São os efeitos da Lei Capiberibe. Seria o fim do mistério no Legislativo Estadual?

Ainda na Assembleia, a oposição não deu trégua ao governo do Estado. Diante do discurso do governista Carlos Marun (PMDB) que trouxe à tona novamente os investimentos em Corumbá, o petista Paulo Duarte contra-atacou. Acusou o governo de estar “roubando obras dos outros”, ao não citar a origem dos recursos e a participação da gestão anterior. “É muita cara de pau”, disparou.

O mesmo deputado do PT relatou ter recebido a confirmação do governo do Estado de que existem sim reservas financeiras. O valor (em dezembro de 2009) era de R$ 1,2 bilhão. Fortuna, que segundo Duarte, poderia socorrer a área de Segurança Pública, sempre carente de investimentos.

Por falar em PT, Zeca do PT, ele continua suas andanças pelo interior do Estado. O petista está a um passo de selar aliança com o PP (Partido Progressista) do deputado federal, Antônio Cruz.

Ele e o senador Delcídio do Amaral aproveitam os eventos do PT no interior do Estado para reforçar a ideia de unidade interna no partido.

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