Celso Bejarano
Alessandra de Souza |
A vitória do PSDB de José Serra sobre o PT da presidente eleita Dilma Roussef aqui em Mato Grosso do Sul deve provocar um reboliço político daqui para frente no Estado. Ao menos essa é a interpretação do deputado federal reeleito Vander Loubet, do PT.
O parlamentar crê no que ele chama de uma repactuação política. E o que seria isso? Para Loubet, a primeira mexida política daqui em diante seria a ruptura da aliança composta pelo PMDB do governador André Puccinelli, com o PSDB, DEM e PR. Esse pacto seria desfeito por conta das eleições municipais de 2012.
Loubet comentou ainda, em entrevista concedida ao Midiamax, no domingo à tarde, os projetos de seu partido, o PT que, para ele, saiu fortalecido da disputa estadual, mesmo com a derrota de Zeca do PT.
Para o deputado federal, o senador Delcídio do Amaral é o candidato ao governo em 2014, mas com uma condição: “ele vai ter de fazer gestos” pelo partido.
Loubet cita também que as críticas disparadas contra Lula, e o desprezo pela candidatura de Dilma, deixaram Puccinelli numa situação difícil quanto à relação política entre o governo de MS e o governo federal.
Por conta das divergências políticas com o PMDB, que teria dado as costas para o projeto proposto por Dilma, o deputado federal acha que o comando das autarquias federais, como Incra, Funasa e Ibama, devem ficar sob o domínio do PT. “Merece cargos quem realmente brigou pela eleição de Dilma”, disse ele.
Leia a integra da entrevista do deputado federal reeleito com 117 mil votos em 3 de outubro passado.
Midiamax – Deputado, a derrota de Zeca do PT para o principal adversário político, André Puccinelli, fragilizou os projetos de seu partido?
Vander Loubet – Não, pelo contrário. Zeca obteve 530 mil votos, um número expressivo. Creio que ficamos fortalecidos. Elegemos um senador, dois deputados federais e sete deputados estaduais pela nossa coligação. Não vejo fragilidade. E eleição é assim: perdemos hoje, vencemos amanhã...
Midiamax – Quanto a Zeca do PT, que acha, ele segue na política?
Vander Loubet – Precisa, ele tem compromissos com os 42,6% dos votos válidos. Eu já comando uma articulação em Brasília, ele deve ser encaixado num cargo federal por lá. Ainda não conversei com ele, e nem sei se quer sair daqui. Mas já articulo isso. Articulo ainda a ida de Valter Pereira [senador] e Dagoberto Nogueira [deputado federal], nossos parceiros, que brigaram pela candidatura de Dilma.
Midiamax – E quanto aos cargos de chefia nas autarquias federais aqui no Estado, o PT deve brigar por seus comandos, algumas delas são coordenadas por membros ligados ao PMDB, por exemplo.
Vander Loubet – Penso assim: merece cargo aquele que realmente contribuiu com a campanha de Dilma. E vimos quem incorporou a campanha. Isso não quer dizer que vamos partir para a perseguição, ou coisa assim. Mas merece quem ajudou a eleger Dilma.
Midiamax – Retomando a disputa pelo governo estadual, tanto o PT quanto o PMDB tiveram a chance de disputar juntos, numa composição parecida à adotada na esfera nacional, o PT não se arrepende de ter optado pelo confronto?
Vander Loubet – Jamais. Se fizéssemos um pacto com o PMDB, seria um desastre, a sociedade não ia entender isso. E, quase sozinhos, conquistamos meio milhão de votos, um oxigênio suficiente para disputarmos as eleições de 2012 e 2014.
Midiamax – Na disputa pela prefeitura de Campo Grande, por exemplo, o PT já teria um candidato?
Vander Loubet – Claro, temos a dona Gilda (ex-primeira dama do Estado), o deputado estadual Pedro Kemp, o Dagoberto e eu.
Midiamax – E quanto a disputa ao governo, o senador Delcídio já demonstrou interesse desde o início da campanha pela reeleição, ele é o nome mais forte?
Vander Loubet – Com certeza. Mas ele terá de fazer gestos, muitos gestos daqui para frente.
Midiamax – Como assim deputado, fazer gestos?
Vander Loubet – Gestos, muitos gestos. O Delcídio adotou uma campanha individualista, brigou por ele nessa disputa que o reelegeu. Pensou só nele, um comportamento difícil. Mas se o senador fizer gestos pelo partido, tudo bem, isso será superado.
Midiamax – Ainda sobre a campanha estadual: o governador Puccinelli ensaiou uma composição com Dilma, recuou, e acabou apoiando José, acha que isso pode prejudicar o Estado?
Vander Loubet – O Estado, não, isso não, não é postura do PT em perseguir aqui ou ali. Agora, é certo dizer que daqui para frente é impossível imaginar que Puccinelli retome uma boa relação política com Dilma. Isso é impossível. Mas os projetos, obras, recursos vindo de lá, isso não muda. Estarei lá apresentando emendas, meus colegas de bancada também. Vejo perda política para Puccinelli, apenas.
Midiamax – Disse que a vitória de Serra aqui pode mexer nas composições políticas, acredita mesmo nisso?
Vander Loubet – Claro. O PMDB venceu as eleições ao lado do PSDB, que deve lançar candidatura própria em 2012. Isso é certeza. Puccinelli e Nelsinho [prefeito de Campo Grande] devem ter interesse na disputa e cada um tem estepe fora do PMDB.
Midiamax – Estepe?
Vander Loubet – Isso, estepe. O Puccinelli é ligado ao deputado federal eleito Edson Giroto, que é do PR; já Nelsinho, ao deputado federal eleito Luiz Mandetta, que é do DEM. Viu como a situação política ficou polarizada? A eleição de Dilma e a vitória de Serra podem, sim, mexer nas alianças daqui em diante.
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